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Ser e só.

" Então, que seja doce! "

Queria começar o post de hoje com essa frase curta, simples e intensa do Caio F. Abreu, que diz mais do que muitas outras frases e textos que se resumidos, gostariam de dizer o mesmo.

Há 2 dias que não paro de pensar nessa frase, no entanto, tenho preguiça de postar no facebook como só mais uma frase entre tantas outras que aparecem no feed de notícias para os meus amigos e familiares. Gosto de ver e entender o universo de sentimentos e olhares que há por trás disso tudo; desembaralhar as letras, pensar como o escritor, me colocar na frente e atrás das frases e entender o que tanto elas querem dizer nas mais diversas situações. 


Na minha linguagem literária, chamaria isso de prazer; outros diriam loucura. Quando abro um livro, uma revista, um site de frases a fim de ler algo realmente intenso e que mexa com tudo dentro de mim, eu reflito durante horas e dias o que tanto aquele autor queria transpassar quando vomitou a frase/trecho célebre. É como ouvir uma música quando se está feliz, e então tudo é lindo; e quando triste, não ouvimos apenas a música, prestamos atenção na letra. Eu sou dessas que antes mesmo de ouvir a música, procuro a letra. Gosto do sentimento das palavras. Da voz alta que elas possuem mas que poucos conseguem ou se esforçam para ouvir. Dizer a palavra "Amor" é muito pouco perto da imensidão que ela representa fora da teoria dita. "Saudade" não foge da regra: ou dói ou faz bem, depende. Mas assim como qualquer outra palavra que não seja sentimento é dita, há som, há voz, há alguém por trás das letras que sentiu, que pensou, que aspirou em dizer cada sílaba, e é aí que começa o meu eterno prazer em ler frases, textos, crônicas e entrar no universo de tentar compreender os sentidos, absorver informações, amadurecer sentimentos, conhecer o próximo e assim segue para cada verso lido.

Quando penso no Caio F. Abreu (escritor desmedidamente incrível, que deixou milhares de leitores órfãos de seus livros, textos, frases, em 1996 quando veio a falecer) imagino um amante nato de olhares ímpares e visão contemporânea. Um artista sentimental da escrita, que a cada sílaba registrada deixou um coração. Gosto desse cara, mesmo que por um instante, me ponho a acreditar que ele está entre nós ainda, um pouco dele está em cada um de nós, em cada um que me conquista. 


Tenho gosto por conhecer pessoas que não perderam os valores, que não vivem da imagem e do status que suas fotos e posts na internet causam, que sabem que a vida real não existe a máscara que usamos quando estamos no mundo virtual, que correm atrás de sonhos, que ficam tristes, que demonstram suas fraquezas e compartilham de gestos solidários vez ou outra. Literatura tem um pouco disso, um pouco de melancolia, de realidade, de palavras que geram emoções... é a literatura que nos traz de volta para o que somos, é o que abre nossos olhos para o interior do ser. 

Quando Caio disse para 'Ser doce', meu olhar certamente será diferente do seu, que certamente será diferente de um terceiro leitor, quarto, quinto... e essa é a ideia. Que hoje, amanhã e sempre seja doce. Que tenhamos mais amor ao ouvir alguém angustiado, que nosso olhar seja livre de preconceito e opiniões ignorantes, que nos dias de chuva tenha sorrisos também, e que nos dias de sol deixe algumas lágrimas escorrer - porque chorar lava a alma -. Que seja doce o olhar, os gestos, a voz, o temperamento, as atitudes, pensamentos, ações... e que isso se prolongue pela eternidade, que seja hábito, regra, obrigação não se esquecer que somos responsáveis pela nossa felicidade e pela energia positiva que passamos.

Que seja doce a vida.


Beijos!
Luciana.


Trecho de inspiração:

(...) "Que seja doce."

" É sobre amor... Sobre o quanto ele tem me ensinado. Sobre a beleza que nasce da simplicidade. Sobre o que eu desejo deste e pra este amor. Que seja doce... Que seja doce... Que seja doce. Sempre. (...) ‘Que seja doce.’ Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo. Repito sete vezes para dar sorte: que seja doce, que seja doce, que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada." 


- Caio F. Abreu


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