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A vida longe do Brasil



         Em setembro de 2010 antes de embarcar para o Estados Unidos, escrevi um post sobre Intercambio X Namoro para tentar expor um pouco de como eu pensava na época em relação ao momento delicado de um relacionamento que está diante de um intercâmbio. Este na realidade é o meu post com o maior número de acessos diários, em virtude dessa grande quantidade de leitores e e-mails que recebo com histórias das mais diversas e perguntas sobre como foi a minha experiência nessas condições, resolvi após 4 anos escrever o que eu penso hoje e como a situação - sob a minha análise - poderá ser melhor compreendida por ambas as partes.




Em primeiro lugar a minha experiência me serviu como bagagem de vida e lição, na época eu vivia um relacionamento de 2 anos que já não estava muito bem das pernas, então 2 meses antes de embarcar optamos por terminar o relacionamento e cada um seguir com seus sonhos, mas não bastasse o término antecipado, sofri durante alguns meses pela carência sim, seria hipocrisia da minha parte dizer que não sofri, mas isso também construiu o meu caráter e me fez ser quem eu sou hoje. Namorar é uma delícia, ter quem nos ame de verdade e sentir a recíproca do amor é a sensação mais gostosa do mundo, mas há alguns oceanos de distância aprendi que apenas a maturidade para vencer as dificuldades dos altos e baixos que é se aventurar em outro país. Morei durante 1 ano na Filadélfia e pelo menos 3 meses dos 12 meses na terra do Tio Sam, eu sofri. Aprendi nesse desafio de ir morar fora que a vida não é fácil, que estar longe de mãe e pai é uma batalha a ser vencida a cada dia, um dia de cada vez. Nos 3 primeiros meses passei por um processo de adaptação, a minha vida americana tinha regras e morar na casa de uma família americana é preciso além de mais nada, existir respeito e também, paciência para se adaptar a uma nova cultura. Durante esses - mais ou menos- 90 dias, minha cabeça estava concentrada em aprender a viver sozinha em um país que eu não tinha total domínio do idioma, e certa de que eu primeiro deveria conhecer e me familiarizar com as coisas, para então poder sobreviver os outros 9 meses.

Durante os 3 primeiros meses, o cansaço e a saudade eram latentes em mim, apenas trabalhava, estudava e quando podia, saía de carro para conhecer outros lugares, comprar algumas coisas, visitar algumas amigas que fiz durante o processo de au pair e por fim, falar o básico do inglês. Nesse período a saudade consumia a minha alma, por muitas noites chorei e quis voltar, mas sabia que eu estava vivendo um sonho que eu lutei para conseguir e que por isso não iria desistir. No Brasil a minha maior força foi a minha mãe, que durante muitas madrugadas me aguentou na webcam chorando e sofrendo pela distância, e eu não poderia ter tido força maior que a dela para continuar firme no meu sonho de morar fora. Namorar a distancia não foi um problema para mim, pois eu havia terminado o relacionamento, mas não bastasse morar fora, a carência me levou a procurar o ex e tentar reatar algo que eu sabia que não teria jeito, de certo eu sofri mais ainda e aceitei que eu só poderia resolver meus sentimentos quando voltasse para o Brasil, entendido e passado essa fase, consegui ir aos poucos me reerguendo e tentando encontrar alternativas para ser feliz com a escolha que eu fiz, e foi exatamente isso que me bastou. Quando enfim consegui me adaptar e viver a vida que eu escolhi, as coisas começam a fluir naturalmente, com isso, meu coração já estava livre e eu me permitira a sentir o amor de novo, fosse uma paixão passageira, fosse um novo amor por aí. 

No final de 1 ano eu já havia conhecido uma outra pessoa que me completara nas minhas carências sentimentais e que também estava em intercambio em outro país, nessas condições precisei aprender a namorar a distância até que pudéssemos voltar ao Brasil para enfim sairmos da webcam e nos conhecermos pessoalmente. Passado os meses namorando a distância, tivemos uma diferença de 3 meses do retorno ao Brasil. Já em solo brasileiro tivemos um relacionamento tranquilo que infelizmente após 1 ano se encerrou. 

Para finalizar o texto, aprendi que namorar a distancia não é um mar de rosas, mas que é possível de dar certo quando as partes envolvidas estão dispostas a viver o mesmo momento. Na prática não é fácil de lidar com crises devido a distancia, tão pouco com a falta de confiança, mas quando existe respeito e vontade de vencer qualquer obstáculo - e isso serve para qualquer coisa em nossa vida -, tudo é possível.

O saldo positivo foi que o intercambio me transformou em uma pessoa muito melhor, e que com isso pude amadurecer meus planos, resgatar meus valores - que haviam se perdido durante a minha adolescência -, ter responsabilidade, entre outras coisas que só que viveu a experiência pode sentir.

Já o saldo negativo foi talvez não ter ficado mais nos EUA para fazer alguns cursos da minha área (Marketing), mas toda a bagagem que eu trouxe dessa experiência já me enriqueceu como ser humano, após ter passado 4 anos do meu retorno ao brasil, a vontade de continuar me desafiando, de mergulhar no desconhecido e continuar trilhando o meu caminho rumo aos meus sonhos, rumo às minhas conquistas só cresce a cada dia que passa.


Até breve,
Luciana. 

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